Foto: Greg Wood (AFP)
Como o classificatório foi uma chatice e uma constatação do óbvio, vamos explicar e discutir um pouco sobre a tal asa móvel, com certeza o item mais contestado e discutido no carro de Fórmula 1 nos últimos meses.
Explicando a Asa: Primeiramente, devemos ter em mente duas coisas, primeira: "Asa móvel" não é o termo mais correto a se usar, até por que já existe há muito tempo uma asa móvel no carro de F1, a dianteira. Se alguém pedir aí nos comentários, posso escrever sobre elas num outro post. Como hoje só será abordado o tema da asa traseira móvel, vou me referir a ela apenas por asa móvel mesmo, mas fica registrado que o termo mais correto a se usar é asa traseira móvel e, segunda: Asa é uma parte do aerofólio do carro, e não o aerofólio em si.
O aerofólio traseiro é dividido em duas partes: A asa fixa (inferior) e a asa móvel (superior). A asa móvel pode ter uma abertura de no máximo 50mm (5cm) em relação à asa fixa. O acionamento é feito através de um botão no volante, assim que o piloto pisa no pedal de freio a asa fecha. A asa funciona através do sistema hidráulico do carro.
Para entender o funcionamento da asa móvel, devemos antes ver como funciona a asa quando está em seu estado normal, fechada. O ar que passa pelo carro bate na asa traseira e sobe, fazendo com que ele ganhe pressão aerodinâmica (donwforce) e tenha uma boa estabilidade para contornar curvas, principalmente as de alta velocidade. Quando a asa é aberta, esse ar passa "direto" pelo aerofólio, tendo um impacto mínimo na asa traseira (veja bem, impacto mínimo, pois, caso não houvese impacto, o carro tentaria levantar voo, mas, por conta da asa dianteira, ele iria girar no ar e voltar para o asfalto). Por conta do ar passar pelo aerofólio sem tocá-lo, o carro perde pressão aerodinâmica e, com isso, ganha velocidade em reta.
A Segurança do Dispositivo: Não há muito o que dizer sobre a segurança do dispositivo, claro que caso a asa não feche, o carro ficará impossibilitado de fazer a curva e irá sair pela tangente, mas a F1 garante que, caso o dispositivo falhe e a asa não feche, o próprio ar que passa pelo carro irá fechá-la.
O Impacto nas Corridas: Nas corridas, a asa pode ser usada apenas em um setor determinado pela FIA, no caso do GP da China, será na reta antes da curva 14, a mais longa reta do circuito, e apenas poderá ser ativada se o carro de trás estiver a no mínimo 1s de distância do carro da frente, detalhe é que só o carro de trás poderá acionar o dispositivo.
Colocando-se no lugar do piloto "perseguido" a situação é muito incomoda, pois este torna-se apático em relação ao piloto de trás, que está com a asa aberta. Não há muito o que fazer se um piloto tem mais velocidade que outro em uma reta, provavelmente o piloto "perseguido" será ultrapassado. Isso torna o espetáculo mais bonito, porque as ultrapassagens são muito mais corriqueiras, porém, se for bem analisada, a situação torna-se artificial demais, porque em vários momentos nos deparamos com o seguinte pensamento: "Não fosse pela asa, essa ultrapassagem não teria acontecido", e não teria mesmo, pelo menos não naquele momento.
A asa móvel é apenas mais uma tentativa frustrada da Fórmula 1 de tornar a corrida mais competitiva, com mais ultrapassagens. Digo frustrada porque, enquanto houver fornecedoras de motores diferentes e uma diferença muito grande entre o orçamento das equipes, essa competitividade não vai existir, não importa o que mudem no carro ou nos circuitos. A única parte boa é que temos um tema para discutir no blog.
Espero ter explicado de uma forma simples o funcionamento da asa traseira móvel, se alguma dúvida surgir, só perguntar nos comentários e eu tentarei responder.
Um abraço a todos e boa corrida.
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